Oi. Eu sou Valderi Pedroso Cantão, professor pedagogo, diretor da escola municipal Ana Melia, que de humilde modo eu apoio. Temos acesso a internet há cinco anos. E a gente pode perceber a mudança, a pequena mudança de hábito dos alunos, apesar da escola não ter aparelhos necessários para estar trabalhando esses alunos. Mas a gente tenta orientá-los da melhor maneira possível, quanto aos cuidados que eles têm que ter com relação ao material que está disponível na internet. E a mudança maior que a gente percebeu foi na questão da formação escolar das pessoas da comunidade. Há cinco anos atrás, por exemplo, a maioria das pessoas que moram aqui tinha apenas o ensino médio. E com a chegada da internet e dos meios tecnológicos, nós conseguimos, hoje, que a maioria dessas pessoas que tinham ensino médio, hoje, já são formadas, com ensino superior, graças ao acesso aos meios tecnológicos. Então, com relação a preocupação da forma como se utiliza. A gente tem projeto na escola, que foi desenvolvido nesse mês e foi apresentado durante esse 27 de Setembro, com os cuidados dos materiais. Até que ponto as crianças podem ter a liberdade de estar pesquisando e onde isso está influenciando a vida deles. E a família, até que ponto a família tem que estar acompanhando esses acessos. Geralmente, uma vez por semana, são feitas oficinas onde são coletados materiais, onde é discutido, onde é separado o que é bom, o risco que seria prejudicial ao acesso. A questão das notícias, chamadas de 'fakenews', que têm que ser checadas antes de serem compartilhadas com outras pessoas. Essas são umas das preocupações, que a gente vê hoje que as crianças têm pouco contato pessoal entre os colegas, entre os amigos. Tem crianças que têm muitos amigos, mas só virtual. E a gente percebe, no dia a dia, que a criança se isola com aparelho celular e esquece desse contato até mesmo com a própria família, não só com os amigos. Com a própria família. Às vezes, o pai não tem tempo para estar conversando, o filho não tem amigos presenciais e a gente tem essa preocupação desse isolamento trazer uma depressão por exemplo, que é uma doença, hoje, muito presente na vida dos jovens, não só adultos, mas dos jovens também. Esse trabalho do curso de redação, desenvolvido pela secretaria de educação, é para estar trabalhando, para estar debatendo essas questões e até chamando a atenção dos pais. Porque, às vezes, é fácil, por exemplo, manter uma criança dentro de casa hoje e entregar aparelho celular para ele, mas não sabe o perigo que aquele aparelho pode trazer para aquela criança também. Esse acesso é feito de acordo com a necessidade do professor. O professor passa os trabalhos, comunica a direção qual dia que eles vão precisar fazer essas pesquisas e, naquele dia, é permitido que eles tragam o aparelho celular para pesquisar. Mas, diariamente, a escola não permite que eles tenham acesso justamente para não ter essa interferência na aula. E, às vezes, acaba fugindo do controle do professor. Se, diariamente, eles tivessem acesso dentro de sala. Muitas crianças têm essa consciência. Não são todos, a gente sabe que não são todos. E aí, para evitar conflito ou alguma coisa desse tipo dentro da escola, a gente já trabalha dessa forma; limitando os dias que eles podem ter acesso, os dias que eles não podem. Quando o professor precisa, é comunicado, é liberado o sinal para eles, eles fazem as pesquisas normalmente. Quando tem datas comemorativas, por exemplo, que eles precisam fazer apresentações, alguma coisa desse tipo; é liberado para eles pesquisarem à vontade, baixar vídeos. Todo o material que eles precisarem é liberado. Só que no dia a dia, o celular é restrito. A gente tem certo receio que a cultura local venha a se perder, com a chegada dessas múltiplas informações que a gente sabe que acontece por meio da mídia. E, como já vem se perdendo. A gente tem trabalho muito árduo para poder estar resgatando a cultura da comunidade, porque acaba fugindo de controle. O acesso às informações muda o pensamento das pessoas. E muitas vezes a pessoa, na questão de hábito alimentar, por exemplo, na forma de se vestir, as músicas, a gente percebe muito nessa juventude, aquelas músicas que eram, como eu diria? Eram uma forma cultural que tínhamos aqui hoje e vem se perdendo. Então, a gente sabe que a mídia traz muitas coisas saudáveis, muitas coisas boas para a juventude principalmente, mas a gente tem esse temor que venha também, tirar a cultura local, aqueles costumes mais antigos, mais tradicionais.