[SEM_ÁUDIO] [SEM_ÁUDIO] Então eu sou da aldeia Mehinako, sou etnia Mehinako, mas na verdade minha aldeia é separada. Minha aldeia é o 'iii' a mesma etnia do Mehinako. Então eu sou professor lá da aldeia 'iii' eu vim aqui prestar vestibular cheguei até aqui. Então no caso tecnologia que está tendo na aldeia, está muito complicado para nós porque 'iii' quando chega na aldeia eles todo mundo já tudo usando o celular. Então, isso que atrapalha muito a nossa aldeia. Na hora que a gente fazia a festa todo mundo está só com o celular então, não quer mais participar da nossa festa. Só está mexendo no celular aí prejudica a nossa cultura. Mas agora a internet lá está funcionando na nossa aldeia só que quem está usando mais é quem trabalha na aldeia. Aí só está liberado para eles usar para comunicar com o pessoal da família e não para usar para ficar brincando. Porque para a nossa cacique dá orientação para nós. Não mexer muito no celular e ficar mandando mensagem para o outro. Aí se a gente marcar encontro com outro cara a gente não tem que confiar porque é muito perigo. Pra mim vir até aqui é muito difícil. Meu pai nem confiou mim para vir até aqui, porque eu estava conhecendo com a Jaqueline e até meu pai nem confiou mim porque é muito perigo. Aí eu tinha que explicar para ele para eu vir até aqui. Aí até que ele confiou, por que lá para a gente mexer na internet essas coisas, aí é muito perigo. Até agora na nossa aldeia lá também está acontecendo isso. Então, para as crianças, as crianças de dez anos ainda não está liberada. Porque eles é muito menores, ainda está proibido de eles mexerem no celular. Mas os jovens de dezoito anos 'iii' muito usando a internet, 'iii' muito celular na aldeia. Estão comprando muito, bastante, eles gostam muito de celular para usar para tirar fotos, essas coisas. Aí fica a nossa cacique dá orientação para nós, para a gente sair para a cidade a gente usa a internet, mas a gente usa para mandar foto do artesanato que a gente conhece aí a gente manda, a gente comunica melhor. Para outra pessoa que a gente não conhece a gente não pode confiar porque é muito perigo, e é isso que está acontecendo lá. E isso está está acontecendo na nossa aldeia mas. >> E a sua aldeia fica aonde? >> Fica perto do Mato Grosso, município de Gaúcho do Norte. Fica a trinta e cinco quilômetros. Pertinho. Aí toda hora o pessoal vindo de moto chega até e é por isso que eles vêm de moto de carro, toda hora. Não tem nem hora para eles virem. Tudo na semana, todo na cidade. cidade, se não funcionar a internet na nossa aldeia ele ia estar na cidade. É isso que está acontecendo lá. Se tiver festa também na nossa aldeia eles vão preferir 'iii' mas a nossa cultura ela está está ruim lá porque não tem como segurar. A nossa lingua está forte ainda, a gente fala a nossa língua e as famílias na língua. Na portuguesa a gente não consegue falar ainda. Só quem sabe falar 'iii' na lingua portuguesa. Mas na língua lá está forte ainda aí só falta a nossa festa. Porque a pintura a gente não quer mais pintar só quer usar roupa. Isso que está triste, não é? Aí é muito, está acontecendo isso. As crianças não querem mais se pintar, nem quer mais participar da festa só quer saber do celular, só fica deitada e mexendo. Para chamar para eles ir na festa, não vai querer pintar vai ficar com nojo do urucum, da pintura, essas coisas. Os mais velhos que gostam, dançam, participam das festas é muito importante as festas, porque a gente quando tem festas a gente fica alegre, todo mundo do centro da aldeia fica lá participando, tudo pintando. Agora, os jovens não. Só está no celular. E é isso que está acontecendo lá agora. Acho que é isso que eu estou falando aí. >> Na aldeia onde de onde você vem, você ou alguém mais próximo que você conheça já teve algum trabalho de produção de conteúdo midiático sobre a aldeia ou sobre a região onde você mora? >> Não. Mas a próxima, a nossa aldeia que é principal, Mehinako agora os pessoal, agora chegou internet lá. Antes de agora não tinha, agora tem 'iii' agora todo mundo fica só conectado de lá. Aí para mim, comunicar com eles tem que falar, vocês estavam aonde? Eu estou aqui no Mehinako aqui já conectou. Aí todo mundo já é conectado lá, aí não tem mais lá já é cultura principal, porque ela ela é aldeia 'iii' é três. Tem a aldeia Utawana, Mehinako o Nekupai tem quatro. A gente deixa dividido, só que é a mesma etnia. Mas a internet já tem. Na outra aldeia já a energia já tem que internet vai chegar lá. >> Você falou que busca a internet na sua aldeia porque é só para quem trabalha. >> Na nossa aldeia é só para quem trabalha. >> Como que é isso? Esse uso que você falou. Pessoal de saúde? >> Pessoal de saúde que usa. Eu sou, eu participo do grupo de saúde. Sou suplente da da saúde. A gente faz grupo grupo, eles mandam o grupo, aí chegam 'iii' no que está acontecendo. Onde é que está o 'iii' o que que está acontecendo. É por isso que a gente tem o grupo. Tem o grupo de saúde e tem o grupo para da aldeia. E agora que carro saiu a gente comunica. Na hora que carro saiu da cidade a gente já está comunicando. Aí caiu no seu celular você já está sabendo. Para ir consultar na cidade tudo isso. Agora, para os professores a gente usa para lançar no diário essas coisas. Por isso que para se a gente dar senha para todo mundo, "ixi" agora vai bagunçar tudo. Todo mundo vai ficar lá só conectando, a gente não vai conseguir usar a internet vai ficar lento, muito pesado. E isso que ela é muito importante para nós. O importante é que a gente usa para trabalhar, para a gente enfiar documentos e fazer diário. É isso que é importante para nós lá. É isso. >> E usa na língua materna também? Porque dá, no WhatsApp dá para você falar na língua materna, não? >> Pra o meu povo eu posso falar na língua. >> Sei. >> Na língua, as vezes a gente comunica na língua mesmo. >> Sim. >> A gente fala, a gente não fala português com meu povo. Se ele mandar mensagem, eu vou responder na minha língua. Eu vou escrever na minha língua. Por isso que é importante na língua portuguesa a gente não comunica. >> Mas não escreve documento na língua? >> Escreve também, a gente fazer para para outra pessoa, a gente faz na língua faz o documento na língua, mas tem que ser tradução baixo para o outro entender. É por isso que a gente comunica na língua mesmo. Não na língua portuguesa. É isso que a gente está fazendo. >> Certo. >> Está certo. >> Então, é para a gente filmar a nossa festa a gente tem rapaz que filma a nossa festa porque antes, ano passado não tinha a para filmar, a gente perdia todas as festas. Agora não, a gente filma a gente filma para guardar. Porque daqui a uns dias a gente vai 'iii' e mostrar para as crianças como que aconteceu, e lá a gente vai contar para eles. 'iii' as pessoas que no passado o pessoal entrava lá e filma, não é? Aí traz para a cidade, coloca na internet sem permissão da comunidade. Agora não, agora tem que pedir autorização para postar na internet para eles ficarem sabendo. Porque as vezes branco entra, filma eles vendem a nossa imagem, eles ganham dinheiro não sei quanto. Tem alguns que entram lá e pesquisam a nossa língua também, e fala a lingua e aprende a nossa língua. Ele faz a língua, ele escreve a nossa, e depois para ele vender vai ser muito caro. É isso que aconteceu também lá porque depois ele fala que promete alguma coisa, e depois não, depois ele não dá as coisas. Porque isso que está acontecendo, mas agora já nossas comunidades já estão espertas. Na hora de entrar tem que fazer documento para entrar lá e filmar. Agora 'iii' tem que filmar festa para a gente guardar, porque porque cada aldeia a gente já está perdendo a nossa cultura porque algumas aldeias já não sabem cantar, já perde o canto deles. Porque na hora do Kuarup todo mundo já é convidado, ele só vai lá e cada da aldeia ele vai lá cantar no centro da aldeia. Aí tem uns da aldeia que já não sabem mais cantar, já perdeu para ele chamar o da aldeia para eles cantarem para eles para poder cantar, porque já não sabe mais. Até as pinturas a gente está esquecendo não sabe mais o nome da pintura. Tudo isso. E é isso que está acontecendo na nossa aldeia. Mas hoje dia a gente está filmando para poder lembrar tudo que está acontecendo, e agora já está mudando muito na nossa vida. Tem escola tem técnico de enfermagem na nossa aldeia e tem postinho para para atender os pacientes e já está mudando a nossa festa. Quando tem festa eles estão indo lá dentro da nossa aldeia. Aí ele tem que ser posto, ele tem que ser separado fora da aldeia. Porque a aldeia ela já é círculo ela fica redonda e cada fica lá dentro. 'iii' nínguém pode entrar lá onde está as festas, porque hoje dia a gente está filmando essas coisas. Tem muitos filmes já. No futuro você pode ir lá que você pode se quiser comprar os vídeos deles, eles têm lá. Está tudo guardado eles vendem, para você pedir você tem que falar com o cacique de lá para poder você comprar. Agora, na nossa aldeia a dente não tem isso, mas a gente filma. Lá no 'iii' não, 'iii' Eles digitam, as imagens lá tudo certinho. Lá eles têm tem computador tudo. Aí lá eles guardam tudinho. Agora a nossa não está permitido ainda porque já atrapalha. >> Depois que eles 'iii' vocês vão assistir? Levar para a escola. >> É a gente se >> Você usa? A gente usa, mostra para as crianças. Ensina as crianças como é que é essas coisas, poque as crianças não sabem qual é o nome da festa, aí a gente tem que contar para eles para eles saberem o nome da festa, porque cada festa tem nome. E aí a gente passa para ele para ele poder aprender. Também as criança não vai dançar, participar das festa. mas também você têm que falar para ele ir na festa, não pode ficar só olhando ele Você tem que falar e pintar ele com as festas das 'iii' ensinando para ele poder ir aprendendo. E isso que está acontecendo. A filmagem lá está, a gente guarda para depois fazer 'iii' >> E as músicas só filmado ou você grava áudio também das músicas? >> Tem alguns que gostam né? tem uns outros que filmam tem alguns que gravam, que vai gostar das músicas para ele poder ouvir e aprender a cantar. 'iii' a gente também grava para guardar. Mas depende de você gostar das músicas também para você ir aprendendo porque muita música, para ser 'iii' três quatro semanas, vai demorar muito. É muito difícil, porque não é fácil para você ir lá cantar você está escutando e vai lá cantar, vai ser muito difícil. Por isso que a gente grava e guarda. Porque os outros mais vão os jovem mais não vai poder entender ele tem que pesquisar sobre esse canto para ele cantar. Aí ele vai ser cantor. >> Então ele tem que pesquisar com os mais velhos. Você não pode entregar, fazer mp3, CD, sei lá e entregar assim, aprende essas músicas aí. >> Não. >> Não pode fazer isso. >> Você tem que ir lá gravar e fica ouvindo. tem que repetir acho que umas três vezes para poder aprender. Mas para a gente aprender as músicas a gente tem que pagar mais velhos, não dinheiro, tem que pagar com caramujo, colar essas coisas, para poder cantar as músicas. >> O mais velhos que ensinam. >> Isso, os mais velhos que ensinam. Eles vão passar para você e aí vai estar aprendendo, e vai estar cantando e você vai estar gravando. Aí você vai ser cantor. E isso vai mas a gente usa também a gente grava a história e depois passa para os >> Você é o mais velho, não é? >> É tem que ser mais velho. Porque eu, se você está me perguntando eu 'iii' da história Vou ficar perdido. Aí tenho que pesquisar os mais velhos para poder contar as histórias. Aí depois você grava e vai lá na escola e aí se você quiser contar também você conta. Aí se a as vezes também é melhor você escrever, não é, as histórias e passar'iii' aí a gente está fazendo a na nossa comunidade. Então, é isso. [SEM_ÁUDIO] Então, eu explicando pouco da nossa festa Kuarup, porque a gente faz ela, o colar, não é aí tem que representa a nossa, na festa. Poque a nossa festa ela é muito representa o auto Xingu, não é. Porque cada aldeia tem a festa, porque ela é muito 'iii' é como festa porque se for a festa Kuarup tem que convidar todo mundo para ir na festa. Aí a gente vai na festa 'iii' grande, com muito movimento e aí os que tem o desenho alí, o cocar cima, cinto, pintura tudo alí. Aí isso aqui é o festa, o 'iii' que representa a morte. Que tem o cocar na cabeça e o cinto. e por isso que a gente faz os desenhos tem todas essa coisas. Porque ela representa a morte da pessoa que morreu. Aí o dono da festa tem que ficar de luto até os três semanas. Ficar só dentro de casa para ele poder ficar chorando E não poder sair, nem conversar, aí deixa o cabelo crescer, fica cabeludo. Aí quando chegar o final na festa, ele vai no centro da aldeia, tomar o banho para tirar a tristeza e depois pintar. Aí no final da festa ele chama o convidado que vai correr na frente para poder lutar contra o cada povo, e o que ela representa para cada povo do Xingu. Por isso que é muito importante para nós essa festa, porque a gente não pode perder ela. É muito, a gente participa dela muito não é que acontece todos os dias, só acontece num ano ano que, num ano que vai acontecer. Aí esse ano não aconteceu acho que seis Kuarup cada aldeia, aí você tem que ir uma semana cada aldeia, é muito cansativo. Para 'iii' cada ano, esse ano vai acontecer as quatro uma aldeia 'iii' pintura representa a morte. 'iii' falando, explicando. A pintura alí é tudo corporal, agora, pintura alí do meio alí, de preto representa a nossa festa. É que a gente não pode ela usar ela para o pintar é diferente, a gente só usa ela para pintar o Kuarup. A pintura que a gente usa já é outra diferente. A gente não pode usar aquela pintura. 'iii' >> A festa então acontece uma vez no ano, geralmente, e nunca ao mesmo tempo. >> Não. >> Várias aldeias. Sempre uma aldeia de cada vez. >> Sim. Aí se for a festa para a festa que a gente fala é a festa do pequi aí já acontece toda hora. Você tem aí 'iii' no outro dia tem a festa tudo isso acontece. Agora esse 'iii' Kuarup só acontece cada ano. >> E o que que significa Kuarup sua 'iii' >> Kuarup é ritual, ela é muito grande para a gente, porque a gente participa das festas. E é isso que significa. >> E você falou da morte, não é que tem uma pintura que colar que se simboliza a morte. O que que é a morte para vocês? >> A morte porque para a gente ficar de luto. A gente não vai poder sair para tomar banho, para passear, só quando terminar a festa, já pode tirar a tristeza e já está liberado para passear, brincar, jogar bola. >> É momento de se recolher. >> Isso. Isso que está, que eu estou explicando. É isso mesmo. Bom. >> Durante o luto uma pessoa da família, ou a família toda se recolhe. >> Toda a família. A família toda tem que se tem que ser tudo de luto. Você não pode andar, jogar bola essas coisas não pode. Porque toda a família tem que estar dentro de casa. Porque você tem que respeitar a morte da do pai, da avó, da irmã, você não pode sair. Se vai sair porque está 'iii' a própria mãe, tia aí é proibido, porque ele não está respeitando. Por isso você tem que ficar de luto até as dois, três semanas ficar dentro de casa. Não pode mudar. Só quando, no final da festa ele está liberado. >> Aí todo muno faz o mesmo procedimento aí de tomar balho, lavar a tristeza da família inteira. >> Isso, da família inteira. Aí uma hora depois toma banho vai para casa, depois vai lá e busca para pintar no centro da aldeia. Aí pinta tudinho, pronto, coloca cinto, aí já pode estar tirando a tristeza. Aí já pode andar, rir, você pode ir brincando com outros amigos. [SEM_AÚDIO]