[MÚSICA] Alguns aspectos das hipóteses que envolvem a origem dos primeiros seres vivos ainda não são bem esclarecidos, são eles: a capacidade de transmitir informações para a geração seguinte, ou seja, eles deveriam possuir algum tipo de código genético e a capacidade de realizar reações químicas vitais, como a síntese de proteína. Portanto, deveriam existir as duas funções: a de genes com informações, para o que e como fazer, e de enzimas, que estimulam as reações químicas. Muito bem, se pensarmos como isso acontece hoje, sabemos que o que fomos, somos e como serão nossos filhos, depende de informações guardadas cada célula, na forma de de DNA, assim como acontece todo tipo de vida conhecida. Mas, se sempre foi assim, há dúvidas. A primeira questão levantada é que o DNA não é capaz de se autorreplicar sem a presença de proteínas, então, quem veio primeiro? O DNA informações ou as proteínas, metabolismo? Ocorre que proteínas são o produto final de uma informação contida no DNA. Aqui podemos ver que o DNA pode gerar a si mesmo processo chamado replicação, com a participação de proteínas. Ele também produz o RNA processo chamado de transcrição e o RNA é traduzido na proteína funcional, portanto, se o RNA carrega temporariamente a informação do DNA para produção de uma proteína funcional e é capaz de sintetizá-la, ele se torna importante. Uma possível solução para o problema de quem veio primeiro seria a de que as duas funções teriam surgido ao mesmo tempo, a codificação de informações gene e o metabolismo, enzimas que são proteínas. 1968 Francis Crick propôs o RNA como a primeira molécula genética, capaz de atuar como gene e como enzima, assim o RNA poderia ser o precursor da vida. Segundo essa ideia, Walter Gilbert propôs o termo "o mundo do RNA" e logo depois, Sidney Altman e Thomas Cech descobriram independentemente tipo de RNA capaz de suprimir partes desnecessárias da mensagem que levava antes da síntese proteica, ou seja, estava agindo também como uma enzima. A esta ação de enzima Cech chamou de Ribozima. Aqui vemos que o DNA, fita verde e vermelha, possui exons e introns. Os introns são sequências que não produzem a proteína final, somente os exons fazem isso. O DNA é transcrito RNA, fita azul e roxa, o RNA assim transcrito passa por processo de corte e emenda ou Splicing e os introns são removidos. Esse último RNA é chamado de RNA maduro. Aí surgem novas perguntas: como poderiam existir moléculas de RNA sem proteção e como elas poderiam dar origem à vida? Pra que isso pudesse ter acontecido, teriam então ocorrido duas fases. A primeira, o surgimento de uma protocélula pela combinação de dois componentes, uma enzima RNA e uma vesícula autorreplicante. Isso satisfaria o requisito mínimo de que duas moléculas de RNA deveriam interagir, uma atuando como enzima para reunir componentes e a outra como modelo, gene, ou seja, teria informações. Juntas seriam capazes de replicar o RNA, portanto, de produzir outras, seriam uma replicase de RNA. Porém, esse processo só seria facilitado se a replicase tivesse envoltório. A segunda fase então exigiria uma estrutura anterior ao surgimento da vida, uma vesícula autorreplicante. Seria uma estrutura membranosa, composta especialmente por lipídios, compostos insolúveis água, como as gorduras, que cresceria e se dividiria de tempos tempos. Dado momento a replicase, RNA enzima gene, entraria uma vesícula autorreplicante, o que lhe permitiria funcionar de modo eficiente. Então esta seria enfim uma protocélula, mas ainda não estaria viva, seria apenas uma vesícula autorreplicante com uma molécula independente seu interior. Para que o conjunto funcionasse, necessitaria uma interação entre os componentes, ou seja, a vesícula protegendo a replicase de RNA e esta produzindo lipídios para vesícula. A partir daí é que a protocélula se tornaria uma célula viva, pois teria a capacidade de se alimentar, crescer e se reproduzir. Então a evolução poderia acontecer, porque essas células apresentariam uma vantagem adaptativa. Alguns aspectos dessa hipótese do mundo do RNA já foram testadas, mas ainda há muito por fazer e muito a ser discutido. A partir dessas ideias se supõe que passado distante talvez o RNA desempenhasse múltiplos papéis, como o de carregar a informação genética, atual papel do DNA, de catalisar o Splicing e de produzir proteínas. Então, se pensarmos assim, por que será que o RNA não se manteve dessa forma? Por que ele não continuou carregando o código genético dos seres vivos? A explicação mais lógica seria de que com o passar do tempo e dentro de processo evolutivo foi favorecida uma molécula mais estável como a de DNA e, portanto, mais segura. De qualquer forma, isso é modelo hipotético, pois não temos evidencias fósseis, uma vez que nenhum dos estágios citados é capaz de ser fossilizado. Assim, se esse mundo do RNA existiu mesmo, teria que ter precedido os fósseis mais antigos e a Terra teria que já estar fria o suficiente para que os elementos orgânicos sobrevivessem. [MÚSICA] Alguns estimam que isso pode ter ocorrido curto período da história da Terra, [MÚSICA] cerca de 100 a 400 milhões de anos, entre 4 e 3,5 bilhões de anos atrás. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA]