[MÚSICA] As estrelas se formam a partir do colapso de imensas nuvens de gás e poeira. Uma mesma nuvem pode dar origem a várias estrelas e seus respectivos sistemas planetários. É natural então esperar que a maioria das estrelas possuam sistema planetário associado. Há muitas décadas que a humanidade se pergunta sobre a possibilidade de existir outros mundos, no entanto, os recursos tecnológicos disponíveis até pouco tempo atrás não permitiam descobertas claras. Ainda hoje dia é muito difícil enxergar planeta fora do sistema solar. Os planetas são geral 1 bilhão de vezes menos luminosos do que as estrelas ao redor da qual orbitam. Mesmo planeta como Júpiter tem uma luminosidade muito baixa quando comparado com a do Sol. Esses planetas são ofuscados pelo brilho da estrela. Além disso, a distância aparente entre o planeta e a estrela é muito pequena, quando observado desde longa distâncias, o que torna muito difícil separar a imagem do planeta da de sua estrela. Uma estratégia utilizada para fazer o imageamento direto de planeta é escolher uma estrela pouco brilhante, como por exemplo as anãs marrons. Coloca-se também anteparo físico que bloqueia a luz da estrela, também é possível usar estratégias observacionais e de análise para eliminar a estrela da imagem. Nossa capacidade de observar exoplanetas de forma direta é muito recente, 2005 foram divulgadas as primeiras imagens diretas obtidas de sistema planetário. Como nossa capacidade de detecção direta é muito limitada, temos então que recorrer a formas indiretas. Uma dessas formas usa o conceito de centro de massa de sistema. Se considerarmos sistema de dois corpos cujas massas são iguais, o centro de massa desse sistema estará na metade da distância entre eles. Por outro lado, se dos corpos tem massa menor, o centro de massa se desloca direção ao corpo de maior massa. No século XIX, observando o movimento próprio da estrela Sirius, a estrela mais brilhante do nosso céu, o astrônomo alemão Bessel notou que o movimento da estrela estava sendo perturbado por outro objeto, indicando que essa estrela não estava isolada. Essa companheira misteriosa foi observada cerca de 60 anos depois dessa previsão. Surgiu então a pergunta: podemos usar essa mesma técnica para detectar planetas? No caso de Sirius tínhamos duas estrelas, o que torna a perturbação mais perceptível. No caso de planeta que tem massa muito menor, essa perturbação deve ser muito pequena. De fato, a intensidade dessa perturbação será maior quanto maior for a massa do planeta e quanto mais próximo ele estiver de sua estrela. Essa técnica que envolve astrometria, a medida da posição dos astros, serviu para confirmar sistemas já conhecidos, mas dada a tecnologia atual, não é eficiente para detecção de novos planetas. Uma outra maneira de identificar o movimento de uma estrela é medindo sua velocidade através da espectroscopia. É possível usar o espectro da luz para determinar a velocidade radial de objeto. Conforme a estrela circunda o centro de massa do sistema, ora ela se afasta e ora ela se aproxima do observador. O resultado desse movimento no espectro é observado com o deslocamento das linhas espectrais, ora para o vermelho, quando a estrela está se afastando, e ora para o azul, quando a estrela está se aproximando. Esse deslocamento das linhas espectrais é conhecido como Efeito Doppler. Para detectar planeta como Júpiter estando fora da Terra, precisaríamos ser capazes de medir velocidades da ordem de 13 metros por segundo. Para detectar a Terra, por sua vez, seriam necessárias medições com precisões de alguns centímetros por segundo. Isso torna a tarefa de detectar planetas como a Terra muito difícil. Atualmente a precisão da medida de velocidades é da ordem de metro por segundo. Uma outra técnica bastante utilizada para detecção indireta de exoplanetas é conhecida como método do trânsito. Quando o planeta passa na frente de uma estrela, esse bloqueia parte da sua luz, e vemos uma pequena queda na luminosidade da estrela. É como se a estrela perdesse pouco da sua luz por momento, e esse evento é periódico. Uma das informações que obtemos através do método de trânsito é o raio do planeta. Essa técnica, conjunto com a medida da velocidade radial, que contribui para determinação de sua massa, torna possível a caracterização do planeta, com a medida de sua densidade. Essa caracterização pode nos indicar a presença de gigante gasoso como Júpiter ou planeta rochoso como a Terra. No início de 2016 já detectamos mais de 1000 sistemas planetários, totalizando número superior a 2000 planetas descobertos. A grande questão agora é saber se algum desses planetas ou qualquer outro que orbita ao redor de uma das centenas de bilhões de estrelas que povoam nossa galáxia pode abrigar a vida. [MÚSICA] [MÚSICA] [SEM_ÁUDIO]