[SEM ÁUDIO] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Olá pessoal, bem vindo a mais uma aula do nosso curso de Pensamento crítico, lógica e argumentação. O tópico de hoje é a reparação de argumentos, que é exatamente o seguinte, o que é, que consiste reparar o argumento? Na verdade, muitas vezes os argumentos que encontramos, estão expostos de forma sucinta, ou mesmo imperfeita. Então, podem faltar premissas, ou a própria conclusão não está clara. E o ponto aqui é o seguinte, é que não é racional a gente rejeitar argumento só porque ele não está perfeito. Nós temos uma certa obrigação moral de reparar, de arrumar o argumento, que uma outra pessoa nos propõe, da melhor maneira possível, antes de dizer que está errado, ou que rejeita só porque não está formalmente perfeito. Então, olhar o argumento do oponente, da melhor maneira possível é chamado o Princípio da Discussão Racional. Se o argumento não for mau ou falacioso e puder ser reparado, é nossa obrigação racional repará-lo. Nessa aula, então, vamos mostrar diferentes formas de reparar argumento. Então, o que é reparar argumento? Como a gente estava dizendo, muitos dos argumentos com que nos deparamos são deficientes ou incompletos, mas não são necessariamente maus argumentos. Eles podem ser reparados, acrescentando-se afirmações amplamente conhecidas ou aceitas. Exemplo de argumento incompleto, Maria diz o seguinte: A Clara teve de ir para o hospital com ataque de asma, assim que saiu da casa de amigo que tem gato. Ela ficou muito mal. Deve ser alérgica a gatos. O Pedro replica: Você não está relacionando isso como deve ser. Isso não é argumento válido. Mas Pedro está sendo pedante, não deveria criticar a Maria tão duramente. Contudo, as pessoas pensam que se o argumento não for formulado de modo completamente perfeito é mau argumento. Acontece que a Maria apresentou realmente bom argumento, apenas deixou de lado uma premissa óbvia que é a seguinte, quase todas as pessoas que têm ataque de asma imediatamente depois de terem estado expostas a gatos, são alérgicas a gatos. Então, na verdade, o argumento da Maria era argumento forte, não é perfeito, nem maravilhoso, mas é forte. Racionalidade argumentos, se reconhecemos que estamos perante bom argumento é irracional acusar ou acreditar que a conclusão é falsa, quer dizer devemos argumentar, o Principio da discussão racional, envolve também, que devemos argumentar se soubermos que a outra pessoa está disposta a ser racional. Não devemos abandonar o argumento no meio. Como reconhecer uma discussão racional? Devemos pressupor que a pessoa com quem estamos argumentando conhece o tema que estamos discutindo, é capaz de raciocinar bem e está disposta a fazê-lo e não está mentindo. Então, eu devo supor isso até prova contrário. Se a pessoa estiver realmente querendo mentir, enganar e tal, então ela não está querendo argumentar. Exemplos de discussão não racional. Por exemplo, discussão sobre o conserto do carro com o mecânico sem ter conhecimento de mecânica de automóveis, é uma discussão não racional, porque você não sabe, você está tentando entabular discussão onde o Princípio da Discussão Racional não vai ser aplicado porque você não tem argumentos razoáveis para continuar. Ou o discurso de políticos demagogos ou apresentadores de programas de auditório cuja única intenção é nos persuadir por meios não racionais, então, não há como discutir com gente desse tipo. Vamos ver aqui guia para reparar argumentos, dentro da possibilidade, dentro do Princípio da Discussão Racional, quando for possível. Dado argumento implícito podemos melhorá-lo quando: o argumento ficar mais forte, ou a premissa a ser acrescentada for plausível e parecer que era plausível para o autor do argumento. Se, depois de reparado, o argumento ficar válido ou forte, mas uma das premissas originais for falsa ou duvidosa, podemos eliminar essa premissa, desde que o argumento continue válido ou forte. Quer dizer, esse guia está dizendo que nós podemos reformular, reformar o argumento para deixá-lo mais parecido com o formato de argumento muito bom, ou perfeito, ou bom. Exemplo, vamos dar exemplo de reparar argumentos. Suponha que a Maria diga o seguinte: O vizinho deve ter cachorro. E o Pedro retruca ou reage dizendo, como é que você sabe? Ela diz, porque ouvi latir a noite passada. Não é argumento perfeito, falta pedaço, falta uma premissa. A premissa óbvia que devemos acrescentar é a seguinte: Quase todos os animais que latem são cães. Raposas também latem mas quase certamente o vizinho não tem uma raposa no quintal. Então, falta uma premissa e à hora que essa premissa é acrescentada o argumento fica forte. Porque é que ele fica forte? Porque é muito plausível que seja cão que tenha na casa do vizinho e não uma raposa. O indicador, definição, indicador é uma expressão que se acrescenta a uma afirmação para nos dizer qual o papel que essa afirmação desempenha num argumento, ou o que o autor pensa da afirmação ou do argumento. O que é que é indicador? Indicador de conclusão, são aqueles por exemplo, logo, por isso, podemos derivar que, segue-se que, assim, portanto, deste modo, conclui-se que, consequentemente. Já os indicadores de premissa são aqueles que dizem: uma vez que, porque, pois, porquanto, dado que, supondo que, segue-se que, admitindo-se que, visto que. Vamos analisar alguns exemplos aqui. Nenhum cachorro mia, logo Rex não mia. Falta uma premissa, premissa a acrescentar, Rex é cachorro. Então, se nenhum cachorro mia, Rex é cachorro, logo Rex não mia. Falta uma premissa óbvia. Que se for de facto que o Rex é cachorro, torna o argumento muito bom. Se a premissa for verdadeira teremos bom argumento. Todos os cachorros latem, logo, Rex é cachorro. Aqui não há nada a acrescentar que melhore esse argumento, Rex poderia ser gato. Então, o argumento é irreparável, esse argumento não pode ser reparado. Outro exemplo, o senador é bom político porque é religioso. A única maneira de reparar esse argumento, seria, quase todas as pessoas religiosas são bons políticos. Essa premissa tornaria o argumento forte, mas ela é altamente duvidosa, porque nós sabemos, quase todo o mundo conhece pessoas que são religiosas e não são bons políticos. Outro caso, você tem que fazer uma prova de inglês e seu pai é amigo do professor de inglês, logo, você vai ser aprovado. A única de reparar esse argumento, seria, o professor de inglês aprova sempre os filhos dos seus amigos, mas essa premissa é duvidosa e ainda por cima é perigosa porque pode ser uma calúnia, então, também não dá para reparar. Não é argumento reparável. Mais exemplo, o pensamento crítico devia ser ensinado a todos os alunos do Ensino Médio. Dominar o pensamento crítico é ser capaz de desenvolver melhor as suas potencialidades como cidadão, como pessoa e como profissional. Além disso, o pensamento crítico ajuda os estudantes a compreender melhor as outras disciplinas e a redigir melhor. Só as pessoas autoritárias temem o pensamento crítico. É bom argumento mas, essa premissa, só as pessoas autoritárias temem o pensamento crítico, é inútil, irrelevante aqui. Não acrescenta nada, ele deve ser eliminado. O argumento sem essa premissa já é forte. Então, o que quer dizer esse exemplo? Quer dizer que, às vezes, eu tenho que tirar alguma coisa e não acrescentar. No caso, eu estou retirando, ou cancelando, apagando, uma premissa que não diz nada, que é irrelevante. Então, definição, uma premissa é chamada de irrelevante se ela pode ser eliminada sem que o argumento se torne mais fraco. Devemos eliminar todas as premissas irrelevantes de argumento. Premissas irrelevantes ou repetidas não melhoram argumento, só pioram. Não adianta repetir premissas. Exemplo, mais exemplo, você não devia, ou não deveria comer a gordura do bife. Não sabe que o colesterol faz mal? A pergunta é retórica e ela deve ser vista apenas como uma afirmação, o colesterol faz mal. Eu estaria, para reparar esse argumento, trocando uma pergunda retórica por uma afirmação mais clara, o colestrol faz mal. A premissa que deveria ser acrescentada é não se deve comer o que faz mal à saúde. Mas essa premissa é tão óbvia que não vale a pena acrescentar. Então, já é, com pequenas reformas, bom argumento. Outro exemplo, você vai votar no candidato da esquerda? Não vê que isso é voto perdido? As premissas que deveriam ser acrescentadas são: o candidato de esquerdo não vai ganhar, quem vota candidato que não vai ganhar perde o voto. Tudo bem, essas premissas podem ser acrescentadas, mas vemos que o argumento fica fraco, porquê? Porque o resultado de uma eleição não é somente a vitória, mas a proporção de votos. Mesmo que o seu candidato perca, ele pode estar dando uma recado nas urnas. Quando é que argumento é irreparável? Ele é irreparável quando não estivermos perante argumento. O argumento é tão falho de coerência que nada há de óbvio que possamos acrescentar, ou as premissas do argumento são falsas, ou altamente duvidosas, e não podem ser eliminadas. Ou ainda, a premissa óbvia a ser acrescentada piora o argumento, torna o argumento fraco, ou por outro lado, a premissa óbvia a acrescentar para tornar o argumento forte ou válida, é falsa. Ou então ainda, no final das contas, a conclusão é claramente falsa. Nessas condições, nós não podemos reparar argumento, por mais boa vontade que se possa ter, não é possível reparar esse argumento. Então, para fazer resumo, A maior parte dos argumentos com que nos deparamos são deficientes, mas não são necessariamente maus argumentos. Muitos argumentos podem ser reparados adicionando-se afirmações amplamente aceitas. Se presumirmos que a outra pessoa conhece o assunto de que está falando, que sabe argumentar bem, que está disposta fazê-lo e não está mentindo, cabe a nós então, pelo menos, tentar reparar o argumento. Então, para repararmos o argumento, acrescentamos premissas, que tornam o argumento mais forte ou válido, e que são plausíveis para o autor do argumento original. Claro que nem todos desejam ou têm interesse argumentar bem e muitos argumentos não podem ser reparados. Reconhecer essa diferença nos ajuda a avaliar melhor os argumentos. Muito obrigado pela atenção, e aguardo a todas e todos na nossa próxima aula. [MÚSICA] [MÚSICA]