[MÚSICA] [MÚSICA] Olá pessoal. Bem-vindos ao nosso tópico, a mais uma aula, a mais tópico do nosso curso de Pensamento crítico, lógica e argumentação. Hoje o nosso assunto vai ser generalidades. O que são generalidades? Na verdade é assunto que aí também entra bastante a lógica, como havia entrado nos outros anteriores. Nós vamos ver como raciocinar usando generalizações, e generalizações são, na verdade, trabalhar ou raciocinar com quantificadores, com a noção de todos, com a noção de existe, de qualquer e de existe. Paralelamente àqueles chamados conectivos lógicos, que eram a disjunção, a conjunção, o condicional ou a implicação, e a negação, que são chamados conectivos proposicionais, esse agora é quantificador lógico. É algo pouco mais complexo ainda e ele traz algumas dificuldades, e nós vamos ver como a gente pode dominar, pelo menos parte, a dificuldade de raciocinar com eles. Então o que são afirmações gerais? São frases que têm expressões como "todos" e "alguns". "Todos" e "alguns" são então afirmações gerais. "Todos" quer dizer absolutamente todos, sem exceção; e "alguns" quer dizer pelo menos não precisa ter dois ou três, mas ter ou mais. "Alguns" é ou mais, e "todos" é todos sem exceção. Então usando a expressão "todos", por exemplo, eu posso dizer o seguinte: "todos os bons políticos são honestos. O presidente é honesto. Logo, o presidente é bom político". Será que isso é aceitável? Será que esse é bom uso do quantificador ou da generalidade "todos"? Não parece, porque se todos os bons políticos são honestos, o presidente é honesto, não parece que quer dizer que ele seja bom político. Se fosse ao contrário, sim. Se todos os bons políticos são honestos e o presidente é bom político, então ele é honesto; mas ao contrário, não. Mas não importa por enquanto, importa o uso. Outro: "todos os ursos polares da Antártica sabem nadar". Será que isso é verdade? É complexo decidir se isso é verdade ou não, porque na Antártica não tem ursos polares. Como é que eu vou saber se todos? Cadê? Não tem nenhum, então é problema complicado. Eu não vou nem falar da avaliação dele por enquanto, só estou dizendo o uso. "Todos os problemas do Brasil são causados pela classe média". Não sei, é uma afirmação mais política do que lógica. Eu teria que decidir se realmente a classe média é responsável por todos os problemas do Brasil ou não. Então de novo, para ficar claro, eu não estou dizendo que isso é verdade ou não é, eu estou dizendo só como é que se usa uma sentença. O "alguns", por outro lado, a outra expressão de generalidade, eu posso usar da seguinte maneira: "alguns jornalistas da Folha de São Paulo são sensacionalistas". Não sei se é verdade ou não, eu não sei se é só ou mais de um; estou dizendo que alguns. "Alguns dos empregados desta empresa vão ser promovidos". Quantos? Pelo menos. Se for verdade isso, tem que ser pelo menos ou mais do que. Quer dizer, o "alguns" não me dá a certeza de quantos são. "Alguns dos empregados desta empresa vão ser promovidos. Alguns dos empregados desta empresa não vão ser promovidos". Aí estou dizendo que há aqueles que serão promovidos e há aqueles que não serão promovidos. Poderia ser perfeitamente verdadeiro isso, não sei por que não. Então o que é uma afirmação universal? Uma afirmação é chamada universal se puder ser reformulada uma afirmação como "todos" que tenha o mesmo valor de verdade; que se ao colocar a expressão "todos", ao reformular a sentença com "todos" ela ficar com o mesmo valor de verdade, quer dizer, não mudar nada termos de valor de verdade, é porque ela é uma afirmação universal. Por exemplo: "todos os cães latem"; ou "todo cão late", é a mesma coisa do que "todos os cães latem"; ou ainda "os cães latem"; ou ainda "tudo o que for cão late". Veja que a terceira aqui, "os cães latem", não tem a expressão "todo", mas ela fica igualmente verdadeira ou igualmente falsa se eu colocar na frente a expressão "todos os cães latem". Então "os cães latem" e "todos os cães latem" são equivalentes, e é por isso que "os cães latem" é uma expressão universal. Uma afirmação existencial. Uma afirmação é chamada existencial se puder ser reformulada como uma afirmação do tipo "alguns" que tenha o mesmo valor de verdade. Por exemplo: "alguns cães são afetuosos"; "há cão afetuoso", pelo menos então tem o mesmo valor de verdade que se eu disser "alguns"; "pelo menos cão é afetuoso", tem o mesmo valor de verdade de dizer que "algum" ou "alguns"; "há cães afetuosos". Note, a número quatro não tem a expressão "alguns" explícita. No entanto, se eu acrescentar é equivalente, "há cães afetuosos" é equivalente a "alguns cães são afetuosos". Então "há cães afetuosos" é uma expressão existencial. Como fazer a contraditória de frases gerais? Se a afirmação é do tipo "todos", a contraditória é "alguns não", "alguns não são". Se é do tipo "alguns", a contraditória é "nenhum". Por exemplo: "todos os brasileiros são artistas"; a contraditória desta é que "alguns brasileiros não são artistas", eu estou negando o fato de que todos os brasileiros são artistas, alguns não são. Então uma afirmação é chamada universal negativa se puder ser reformulada como uma afirmação do tipo "nenhum" que tenha o mesmo valor de verdade. Uma afirmação é existencial negativa se puder ser reformulada como uma afirmação do tipo "alguns não" que tenha o mesmo valor de verdade. Por exemplo, uma afirmação "todos são alguma coisa", a contraditória é "alguns não são"; eu estou contrariando o fato de que todos são algo dizendo que há aqueles que não são, alguns não são. "Alguns são"; eu estou contrariando o fato de que alguns são dizendo "nenhum é". "Alguns não são"; eu vou contrariar o fato de que alguns não são dizendo "todos são". "Nenhum é"; eu vou contrariar o fato de que nenhum é dizendo que "alguns são". Então são as maneiras de colocar a contraditória de uma afirmação positiva ou negativa universal. Vamos dar alguns exemplos linguísticos para tentar esclarecer. "Alguns jornalistas são sensacionalistas"; a contraditória é "nenhum jornalista é sensacionalista". Note, vamos deixar bem claro, eu não estou dizendo que isso é verdade ou não é verdade, eu estou dizendo como é que se usa linguisticamente. Outra: "alguns políticos não são corruptos"; a contraditória é "todos os políticos são corruptos". O outro exemplo é "nenhum urso é vegetariano"; qual é a contraditória? "Alguns ursos são vegetarianos". Afirmação universal "todos os cães latem"; contraditória "nem todos os cães latem", ou então "há algum cão que não late". Agora vamos tomar muito cuidado com essa expressão perigosíssima aqui que é a expressão "só". Essa expressão dá origem a tipo de erro muito próprio, muito complicado, que é o argumento inválido. Vamos supor que alguém diga o seguinte: "só os que apostam é que ganham na loteria". "Pedro apostou, então vai ganhar na loteria"? Não. Está dizendo que só os que apostam é que ganham na loteria. Se o Pedro apostou, não tem certeza nenhuma que ele vai ganhar. Agora, se ele ganhou, é porque ele apostou. Cuidado com esse tipo de coisa aí. Então "só os S são P" significa "todos os P são S". É ao contrário aqui, veja: se todos os S são P, significa "todos os P são S", tem uma inversão linguística aqui muito complicada. Só tomar cuidado com isso. No caso, todos os que ganham na loteria são pessoas que apostaram. A contraditória de "só os S são P" é "nem todos os P são S". Isso é uma observação apenas aqui, só para a gente tomar cuidado, porque a gente escorrega nesse tipo de coisa. [MÚSICA] [MÚSICA]