[MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] Olá. Vamos ao caso. A empresa responsável pela execução desse projeto, ela é uma multinacional espanhola que atua diversos segmentos do mercado e possui uma filial São Paulo desde 1996 e a sua sede está Madri desde 1931. Ela se destaca pela atuação vários países e segmentos da engenharia, tais como infraestrutura, energia, água, indústrias, concessões, dentre outros. Além disso, é muito atuante na produção de energia sustentável, onde ganhou prêmios, sendo o último 2015 após a construção de parque eólico no Caribe, no México. A empresa passou por vários processos de incorporações de outras empresas hispânicas até chegar na atual forma 1997. No Brasil, ela atua no segmento de infraestruturas desde 2009. Este estudo de caso está relacionado à empreendimento dividido dois projetos semelhantes, somando uma extensão de aproximadamente 21 quilômetros, compreendendo atividade de terraplenagem, obras de arte especiais e obras de arte corrente, pavimentação, além de túnel e outros serviços de acabamento. Os projetos possuem características urbanas devido à sua alta intensidade de tráfego nas redondezas, elevada densidade populacional e habitacional na região, sendo necessária a remoção de comunidades, remoção de interferências e reposição de serviços. Os projetos também estão dentro de área ambientalmente protegida, com forte atuação de órgãos ambientais. Outro ponto relevante é que os projetos possuem interface direta com uma importante rodovia, que será interrompida para a execução de uma parcela do escopo do projeto. Como vimos na aula, é de grande importância a identificação dos stakeholders, ou seja, das partes interessadas do projeto. Para isso, podemos utilizar várias perguntas. Perguntas que são simples, lembram? Uma primeira pergunta seria: quem pediu esse projeto? Neste caso, o projeto é uma obra do Governo Estadual, ele é o patrocinador do projeto. A execução ficou a cargo de uma empresa contratada e a fiscalização ficou sob responsabilidade da DERSA Desenvolvimento Rodoviário S/A. Uma segunda pergunta seria: quem usará o produto, ou serviço que estamos criando ou aprimorando? Os principais usuários deste projeto serão os motoristas. O projeto tem como principais objetivos a diminuição do congestionamento com a redução do tráfego de caminhões na região metropolitana de São Paulo, economia de tempo e combustíveis, com consequente queda de 6 a 8% na emissão de poluentes, além de maior agilidade no percurso desejado pelos motoristas. Uma terceira pergunta: quem são as pessoas que terão de mudar a forma de fazer o trabalho delas por causa desse projeto? Devido à sua complexidade, o projeto envolve uma equipe multidisciplinar que estão sob responsabilidade tanto do governo, como da empresa fiscalizadora, quanto da empresa contratada para a execução do projeto. Assim, faz parte da equipe de execução do projeto, ou seja, da equipe da empresa contratada, Diretores, Engenheiros Civis, Engenheiros Ambientais, Engenheiros de Segurança do Trabalho, Projetistas, Consultores, Técnicos, dentre outros. Uma quarta pergunta seria: quem toma as decisões sobre esse projeto? Os principais tomadores de decisão do projeto são o Governo do Estado, a empresa fiscalizadora, os Diretores e os gestores do projeto da empresa contratada. Uma quinta pergunta seria: quem tem a capacidade de adicionar ou retirar recursos do projeto? O responsável por adicionar ou retirar recursos do projeto é o Governo do Estado. Sexta pergunta: quem influencia os tomadores de decisão sobre este projeto? O projeto possui uma interface muito grande com diversas áreas e cada uma delas exerce uma influência diferente, podendo impactar no projeto de forma positiva ou negativa. Os órgãos ambientais responsáveis por liberar determinadas áreas, os órgãos sociais, jurídicos e financeiros responsáveis por liberar desapropriações, os projetistas responsáveis por fornecer soluções técnicas, informações do projeto, a comunidade lindeira, ou seja, aquelas que estão próximas ao projeto são alguns exemplos de stakeholders que influenciam os tomadores de decisão do projeto. Outra questão importante seria: como saber quais partes interessadas necessitam de mais atenção? Vimos na aula que apesar de cada parte interessada ser importante para o projeto, não é possível para você oferecer o mesmo tempo ou atenção a todas elas sempre na mesma quantidade. Por isso você precisa considerar quais partes interessadas realmente vão impulsionar o sucesso do projeto e trabalhar para gerenciá-las e envolvê-las. Para isso, existem algumas ferramentas de análise conforme visto aula. São elas: o gráfico de poder e interesse, que ajuda a classificar as partes interessadas no que se refere à quantidade de poder que elas possuem relação ao seu projeto e o quanto de interesse elas têm seu projeto; e o gráfico de poder e influência que é semelhante ao gráfico de poder e interesse, porém você substitui o nível de interesse pelo nível de influência no resultado do projeto e outras partes interessadas podem ser incluídas. Vamos analisar as partes interessadas do caso apresentado utilizando a ferramenta gráfico de poder e interesse. Veja a figura a seguir. Podemos perceber que esse gráfico posiciona as partes interessadas nos seguintes quadrantes: baixo interesse e baixo poder, baixo interesse e alto poder, alto interesse e baixo poder, e alto interesse e alto poder. Para o caso analisado temos o seguinte gráfico. A análise auxilia a tomada de decisão quanto à gestão das partes interessadas, pois algumas terão interesses relacionados à qualidade, outras terão interesses relacionados à prazo, ou custo, e assim por diante. No gráfico do caso estudado podemos verificar os seguintes pontos. O governo, que é o patrocinador do projeto, a fiscalização e os diretores e gestores da empresa contratada, tem alto poder e alto interesse no projeto. Por isso, é necessário concentrar mais o seu tempo e atenção à essas pessoas. Assim, é importante para o projeto manter essas partes interessadas sempre informadas sobre o andamento do projeto. Os órgãos ambientais e órgãos jurídicos têm alto poder e baixo interesse no projeto. Por isso, é necessário mantê-los satisfeitos com o projeto. É importante, por exemplo, solicitar as devidas licenças ambientais antes de construir determinadas áreas, ou aguardar decisões jurídicas para desapropriar determinados imóveis. Usuários, equipes da obra e projetistas e consultores possuem baixo poder e alto interesse no projeto. Por isso é necessário mantê-los informados sobre o status do projeto. É importante, por exemplo, atualizar o cronograma de execução do projeto, incluindo premissas e restrições sempre que necessário. Assim as expectativas desses stakeholders serão atendidas e as chances de decepções serão reduzidas. A comunidade e os sindicatos possuem baixo poder e baixo interesse, e por isso é necessário manter contato com essas partes e monitorar seu envolvimento, para garantir que não tenham uma visão negativa do projeto. São pessoas que desconhecem o projeto, ou seja, realmente não sabem nada sobre o projeto, ou o que o projeto está fornecendo. É importante, por exemplo, fazer trabalho social com a comunidade para trabalhar informações, mostrando uma visão positiva do projeto, além de tirar possíveis dúvidas. Já no caso da ferramenta para análise do gráfico de poder e influência, deve-se ter cuidado com a influência que a sua parte interessada tem relação ao projeto. Como exemplo vamos analisar o caso das partes interessadas, comunidade e sindicatos. Na análise do gráfico de poder e interesse, essas partes possuem baixo poder e baixo interesse. Porém uma análise do gráfico de poder e influência, essas partes possuem baixo poder e alta influência. Então essas partes interessadas podem influenciar o projeto de forma negativa se fomentarem uma greve, por exemplo. Vale lembrar que o importante é estudar esses casos com cuidado para ter certeza de que você não está negligenciando nenhuma parte interessada do seu projeto. Então mesmo que seu grupo de alto poder e alto interesse obtenha a maior parte de sua atenção, não ignore as outras partes, pois elas podem se tornar difíceis de gerenciar no futuro. Após classificação das partes interessadas, surge mais uma questão: o que fazer com essas informações? Precisamos inserir no registro das partes interessadas. Essa é uma estratégia para definir o tipo de informação que essas partes precisam, e de quando elas precisam da informação. Por exemplo, a partir do gráfico de poder e interesse, identificamos as partes que estão altamente interessadas, que têm alto grau de poder no projeto. Assim, é importante para o projeto garantir o fornecimento das informações que essas partes procuram. Mesmo antes de elas pedirem ou procurarem por essas informações. Nesta etapa, também é necessário identificar como cada parte interessada deseja receber as informações que são pertinentes ao seu grau de poder e interesse. Como vimos na aula é necessário perguntar para as partes interessadas. Você vai perceber que algumas partes interessadas podem preferir receber as informações por e-mail. Outras podem preferir uma ligação. Outras podem preferir uma discussão presencial. Dentro do possível, cabe a você garantir as preferências das partes interessadas. O guia Open Board sugere que a gestão das comunicações e o projeto incluem os processos necessários para assegurar que as informações do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas, e, finalmente, dispostas de maneira oportuna e apropriada. Os gerentes de projetos passam a maior parte do tempo se comunicando com os membros das equipes e outras partes interessadas do projeto. Que sejam as partes interessadas internas, todos os níveis da organização ou externas, a organização. A comunicação eficaz cria uma ponte entre as diversas partes interessadas do projeto, que podem ter diferenças culturais e organizacionais, diferentes níveis de conhecimento e diversas perspectivas e interesses que podem impactar ou influenciar a execução ou o resultado do projeto. No caso estudado, a comunicação, divulgação das informações ocorre de formas variadas. Para o governo, o patrocinador do projeto, a fiscalização e os diretores e os gestores da empresa contratada, que possuem alto poder e alto interesse no projeto, a comunicação, divulgação das informações é feita através de reuniões presencias semanais, envio de e-mails e cartas. Para os órgãos ambientais e órgãos jurídicos, que possuem alto poder e baixo interesse no projeto, a comunicação, divulgação das informações é feita através de reuniões presenciais periódicas de acordo com a necessidade do projeto, além de consultas por e-mails e telefone. Para os usuários, equipes de obra e projetistas e consultores, que possuem baixo poder e alto interesse, vimos que é necessário mantê-los informados sobre o status do projeto. Os usuários acompanham o andamento do projeto através do site da fiscalizadora, a equipe da obra acompanha a obra através das atualizações do cronograma, que são divulgadas as reuniões semanais de equipes e por e-mail. Já os projetistas e consultores recebem informações através de cartas e consultas técnicas, que são documentos que formalizam uma dúvida de projeto ou de execução, além de reuniões periódicas agendadas sempre que necessário. Para a comunidade e os sindicatos, que possuem baixo poder e baixo interesse, a comunicação e divulgação das informações é feita através do site da fiscalizadora, e ouvidoria da fiscalizadora, que é uma linha telefônica direta e gratuita, onde é possível abrir chamados para tirar dúvidas, fazer reclamações e propor sugestões. A comunicação com os sindicatos é feita pela área de recursos humanos da empresa contratada e pelos representantes dos funcionários junto ao sindicato. Todos devem participar da comunicação das partes interessadas. Lembrando que esse conjunto de informações coletadas sobre as partes interessadas não são estáticas, mas sim dinâmicas, ou seja, à medida que o projeto avança você aprenderá mais. E à medida que seus relacionamentos com as partes interessadas crescem, você entenderá mais sobre elas e as suas motivações. E poderá ajustar essa abordagem. [ÁUDIO_EM_BRANCO] Gerir as expectativas dos stakeholders é item complexo, mas extremamente importante para o projeto. Nesse sentido, existem algumas classificações de compromisso específicas para você considerar, conforme vimos na aula. No caso específico do projeto analisado, essas considerações são: o governo, que é o patrocinador do projeto. A fiscalização e os diretores da empresa contratada são partes apoiadoras do projeto e têm grande interesse no sucesso do mesmo. Esses stakeholders são muito importantes para o projeto. Por isso é necessário mantê-los satisfeitos como os resultados parcias e final do projeto. Os gestores da empresa contratada são considerados líderes e têm papel importante na manutenção da boa convivência e harmonia entre as diferentes equipes responsáveis pela execução do projeto, para alcançar o sucesso esperado. Os órgão ambientais são resistentes ao projeto e aos potenciais impactos e mudanças que esse projeto pode causar. Neste caso, são tratadas ações para compensação ambiental, a fim de mudar essa parte interessada para uma posição neutra ou, até mesmo, apoiadora do projeto. Já os órgãos jurídicos são neutros, ou seja, nem resistentes nem solidários ao projeto. Apenas exercem o seu papel mediador ações judiciais. Neste caso, é necessário mantê-las nessa posição, a fim de que não prejudiquem o andamento do projeto. Os usuários são apoiadores do projeto. Têm interesse no sucesso e término do projeto para melhorar o tráfego da cidade. A comunidade e os sindicatos são partes inconsistentes, ou seja, não conhecem o projeto. E, neste caso, é necessário mantê-las informadas na tentativa de modificar a sua posição para uma posição neutra ou apoiadora do projeto a fim de garantir o bom andamento do mesmo. Neste tópico é importante lembrar que as informações fornecidas para as partes interessadas devem ser abertas e honestas acerca do projeto, mesmo para o caso de questões mais críticas, uma vez que algumas partes interessadas podem e devem te ajudar a resolver essas questões. [ÁUDIO_EM_BRANCO] Foram várias as lições aprendidas para o caso analisado. Mas vamos citar aquelas que considerei mais importantes. A identificação das partes interessadas permite ao gestor do projeto tomar decisões estratégicas e mais assertivas quanto à importância de cada parte interessada, seu grau de poder, interesse e influência sobre o projeto. Essa identificação, por consequência, permite estabelecer o melhor meio de comunicação entre as partes interessadas, além de possibilitar o filtro das informações que são importantes para cada stakeholder. Outro ponto importante resultante da gestão dos stakeholders é poder identificar as expectativas de cada parte interessada. E trabalhar de forma proativa, sempre pensando na manutenção do sucesso do projeto. [MÚSICA] [MÚSICA]